O
maior médium que a Terra já viu – depois
de Jesus, O Incomparável -, nasceu em Pedro Leopoldo,
modesta cidade de Minas Gerais, em 2 de abril de 1910: Francisco
de Paula Cândido Xavier. Desde os 4 anos de
idade o menino Chico teve a sua vida assinalada por singulares
manifestações. Seu pai chegou, inclusive, a
crer que o seu verdadeiro filho havia sido trocado por outro...
Aquele seu filho era estranho! O garoto orava com extrema
devoção, conforme lhe ensinara D. Maria João
de Deus, a querida mãezinha, que o deixaria órfão
aos 05 anos. Dentro de grandes conflitos e extremas dificuldades,
o menino ia crescendo, sempre puro e sempre bom, incapaz de
uma palavra obscena, de um gesto de desobediência. Tendo
clarividência e clariaudiência intensas, mantinha
contato direto com os espíritos amigos, sendo que conversava
com a mãezinha desencarnada e ouvia vozes confortadoras.
Na escola, sentia a presença delas, auxiliando-o nas
tarefas habituais. O certo é que os seus primeiros
anos o marcaram profundamente; ele nunca os esqueceu... A
necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas
domésticas foi, em sua vida, conforme ele mesmo disse,
"uma bênção indefinível".
Em 7 de maio de 1927 participou de sua primeira reunião
espírita. Até 1931 recebeu muitas poesias e
mensagens, várias das quais saíram a público,
estampadas à revelia do médium em jornais e
revistas, como de autoria de Francisco Xavier. Nesse mesmo
ano, vê, pela primeira vez, o Espírito Emmanuel,
seu inseparável mentor espiritual. Francisco Cândido
Xavier - Chico Xavier - iniciou, publicamente, seu mandato
mediúnico em 08 de julho de 1927, em Pedro Leopoldo.
Contando 17 anos de idade, recebeu as primeiras páginas
mediúnicas. Em noite memorável, os Espíritos
deram início a um dos trabalhos mais belos de toda
a história da humanidade. Dezessete folhas de papel
foram preenchidas, celeremente, versando sobre os deveres
do espírita-cristão.
Depoimento de Chico Xavier: (...) "Era uma noite quase
gelada e os companheiros que se acomodavam junto à
mesa me seguiram os movimentos do braço, curiosos e
comovidos. A sala não era grande, mas, no começo
da primeira transmissão de um comunicado do mais Além,
por meu intermédio, senti-me fora de meu próprio
corpo físico, embora junto dele. No entanto, ao passo
que o mensageiro escrevia as dezessete páginas que
nos dedicou, minha visão habitual experimentou significativa
alteração. As paredes que nos limitavam o espaço
desapareceram. O telhado como que se desfez e, fixando o olhar
no alto, podia ver estrelas que tremeluziam no escuro da noite.
Entretanto, relanceando o olhar no ambiente, notei que toda
uma assembléia de entidades amigas me fitavam com simpatia
e bondade, em cuja expressão adivinhava, por telepatia
espontânea, que me encorajavam em silêncio para
o trabalho a ser realizado, sobretudo, animando-me para que
nada receasse quanto ao caminho a percorrer."
Emmanuel, nos primórdios da mediunidade de Chico Xavier,
deu-lhe duas orientações básicas para
o trabalho que deveria desempenhar. Fora de qualquer uma delas,
tudo seria malogrado. Eis a primeira. - "Está
você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com
Jesus? - Sim, se os bons espíritos não me abandonarem...
- respondeu o médium. - Não será você
desamparado - disse-lhe Emmanuel - mas para isso é
preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem.
- E o senhor acha que eu estou em condições
de aceitar o compromisso? - tornou o Chico. - Perfeitamente,
desde que você procure respeitar os três pontos
básicos para o Serviço... Porque o protetor
se calasse o rapaz perguntou: - Qual é o primeiro?
A resposta veio firme: - Disciplina. - E o segundo? - Disciplina.
- E o terceiro? - Disciplina". A segunda mais importante
orientação de Emmanuel para o médium
é assim relembrada: - "Lembro-me de que num dos
primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar
ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de
tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições
de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel,
algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com
as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer
com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo".
Em 1932 a FEB (Federação Espírita Brasileira)
publicou seu primeiro livro, o famoso "Parnaso de Além-Túmulo";
hoje, as obras que psicografou vão a mais de 400. Várias
delas estão traduzidas e publicadas em castelhano,
esperanto, francês, inglês, japonês, grego,
etc. De moral ilibada, realmente humilde e simples, Chico
Xavier jamais auferiu vantagens, de qualquer espécie.
Sua vida privada e pública tem sido objeto de toda
especulação possível, na informação
falada, escrita e televisionada. Críticas ferinas têm-no
colhido de miúdo, sabendo suportá-las com verdadeiro
espírita, ou seja, como verdadeiro cristão.
Viajou com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos
e à Europa, onde visitaram a Inglaterra, a França,
a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço
da Doutrina Espírita.
Chico Xavier é uma figura de projeção
nacional e internacional; suas entrevistas despertaram a atenção
de milhares de pessoas, mesmo alheias ao Espiritismo; apareceu
em programas de TV, respondendo a perguntas as mais diversas,
orientando as respostas pelos postulados espíritas.
Recebeu o título de Cidadão Honorário
de várias cidades, dentre elas, São José
do Rio Preto, São Bernardo do Campo, Franca, Campinas,
Santos, Catanduva, todas no Estado de São Paulo; Uberlândia,
Araguari e Belo Horizonte, em Minas Gerais; Campos, no Estado
do Rio de Janeiro, etc. Dos livros que psicografou já
se venderam mais de 12 milhões de exemplares, só
dos editados pela FEB, em número de 88.
"Parnaso de Além-Túmulo", a primeira
obra publicada em 1932, provocou e comprovou a questão
da identificação das produções
mediúnicas, pelo pronunciamento espontâneo dos
críticos, tais como Humberto de Campos, ainda encarnado
na época, Agripino Grieco, severo crítico literário
de renome nacional, Zeferino Brasil, poeta gaúcho,
Edmundo Lys, cronista, Garcia Júnior, etc.
Prefaciando "Parnaso de Além-Túmulo",
escreveu Manuel Quintão: "Romantismo, Condoreirismo,
Parnasianismo, Simbolismo, aí se ostentam em louçanias
de sons e de cores, para afirmar não mais subjetiva,
mas objetivamente, a sobrevivência de seus intérpretes.
É ler Casimiro e reviver 'Primaveras'; é recitar
Castro Alves e sentir 'Espumas Flutuantes'; é declamar
Junqueiro e lembrar a 'Morte de D. João'; é
frasear Augusto dos Anjos e evocar 'Eu'".
Romances históricos formam a série Romana, de
Emmanuel, composta de: "Há 2000 Anos...",
"50 Anos Depois", "Ave, Cristo!", "Paulo
e Estevão", provocando a elaboração
do "Vocabulário Histórico-Geográfico
dos Romances de Emmanuel", de Roberto Macedo, estudo
elucidativo dos eventos históricos citados nas obras.
"Há 2000 Anos..." é o relato da encarnação
de Emmanuel à época de Jesus.
O festejado escritor brasileiro Humberto de Campos, desencarnado
em 1934, iniciou, em espírito, a transmissão
de várias obras de crônicas e reportagens pela
mediunidade de Chico Xavier, todas editadas pela Federação
Espírita Brasileira, dentre as quais cita-se "Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho",
de 1938, o qual narra a história de nossa pátria
e dos fatos e ela ligados em dimensão espiritual .
A série do espírito André Luiz é
reveladora, doutrinária e científica; com obras
notáveis no tocante à vida depois da desencarnação,
a série nos traz: "Nosso Lar", "Os Mensageiros",
"Missionários da Luz", "Obreiros da
Vida Eterna", "No Mundo Maior", "Agenda
Cristã", "Libertação",
"Entre a Terra e o Céu", "Nos Domínios
da Mediunidade", "Ação e Reação",
"Evolução em dois Mundos", "Mecanismos
da Mediunidade", "Conduta Espírita",
"Sexo e Destino", "Desobsessão",
"E a Vida Continua...".
De parceria com o médium Waldo Vieira, Chico Xavier
psicografou 17 obras. A extraordinária capacidade mediúnica
de Chico Xavier está comprovada pela grande quantidade
de autores espirituais, da mais elevada categoria, que por
seu intermédio se manifestaram. Vários de seus
livros foram adaptados para encenação no palco
e sob a forma de radionovelas e telenovelas. O dom mediúnico
mais conhecido de Francisco Xavier é a psicografia
Não é, todavia, o único. Ele manifestava
e exercitava constantemente, na Terra, outras mediunidades,
tais como: psicofonia, vidência, audiência, e
outras.
Sua vida, verdadeiramente apostolar, dedicou-a, o médium,
aos sofredores e necessitados, provindos de longínquos
lugares, e também aos afazeres medianeiros, pelos quais
não aceita, em absoluto, qualquer espécie de
paga. Os direitos autorais ele os tem cedido graciosamente
a várias Editoras e Casas Espíritas, desde o
primeiro livro.
Sua vida e sua obra têm sido objeto de numerosas entrevistas
radiofônicas e televisadas, e de comentários
em jornais e revistas, espíritas ou não, e em
livros dos quais podemos citar: o opúsculo intitulado
"Pinga-Fogo, Entrevistas", obra publicada pelo Instituto
de Difusão Espírita, de Araras; "Trinta
Anos com Chico Xavier", de Clóvis Tavares; "No
Mundo de Chico Xavier", de Elias Barbosa; "Lindos
Casos de Chico Xavier", de Ramiro Gama; "40 Anos
no Mundo da Mediunidade", de Roque Jacinto; "A Psicografia
ante os Tribunais", de Miguel Timponi; "Amor e Sabedoria
de Emmanuel", de Clóvis Tavares; "Presença
de Chico Xavier", de Elias Barbosa; "Chico Xavier
Pede Licença", de Irmão Saulo, pseudônimo
de Herculano Pires; "Nosso Amigo Xavier", de Luciano
Napoleão; "Chico Xavier, o Santo dos Nossos Dias"
e "O Prisioneiro de Cristo", de R. A. Ranieri; "Chico
Xavier - Mandato de Amor", da U.E.M.; "As Vidas
de Chico Xavier", de Marcel Souto Maior, dentre outros.
Eis então quando, em 1944, a viúva de Humberto
de Campos ingressa em juízo, movendo um processo, que
se torna célebre, contra a Federação
Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier,
no sentido de obter uma declaração, por sentença,
de que essa obra mediúnica "é ou não
do ‘Espírito’ de Humberto de Campos",
e que em caso afirmativo, se apliquem as sanções
previstas em Lei.
O assunto causou muita polêmica e, durante um bom tempo,
ocupou espaço nos principais periódicos do País.
Para que tenhamos uma idéia do que representou o referido
processo na divulgação dos postulados espíritas,
resumimos aqui alguns dos principais depoimentos da época
extraídos da obra do Dr. Miguel Timponi, o principal
advogado que trabalhou na defesa do médium e da FEB.
Antes, porém, sintamos a beleza das palavras a seguir,
enfeixadas no livro A Psicografia ante os Tribunais:
"Entretanto, lá do Nordeste, desse Nordeste de
encantamentos e de mistérios, a voz cheia de ternura
e de emoção, de uma velhinha santificada pela
dor e pelo sofrimento, D. Ana de Campos Veras, extremosa mãe
do querido e popular escritor, rompeu o silêncio para
ofertar ao médium de Pedro Leopoldo a fotografia do
seu próprio filho, com esta expressiva dedicatória:
'Ao Prezado Sr. Francisco Xavier, dedicado intérprete
espiritual do meu saudoso Humberto, ofereço com muito
afeto esta fotografia, como prova de amizade e gratidão.
Conforme se vê da edição de 'O Globo'
de 19 de julho de 1944, essa exma. senhora confirma que o
estilo é do seu filho e assegura ao redator de 'O Povo'
e 'Press Parga': "- Realmente - disse dona Ana Campos
- li emocionada as Crônicas de Além-Túmulo,
e verifiquei que o estilo é o mesmo de meu filho. Não
tenho dúvidas em afirmar isso e não conheço
nenhuma explicação científica para esclarecer
esse mistério, principalmente se considerarmos que
Francisco Xavier é um cidadão de conhecimentos
medíocres. Onde a fraude? Na hipótese de o Tribunal
reconhecer aquela obra como realmente da autoria de Humberto,
é claro que, por justiça, os direitos autorais
venham a pertencer à família. No caso, porém,
de os juízes decidirem em contrário, acho que
os intelectuais patriotas fariam ato de justiça aceitando
Francisco Cândido Xavier na Academia Brasileira de Letras...
Só um homem muito inteligente, muito culto, e de fino
talento literário, poderia ter escrito essa produção,
tão identificada com a de meu filho."
Na noite de 15 de julho de 1944, quando o processo atingia
o clímax, o Espírito Humberto de Campos retorna
pelo lápis do médium Chico Xavier, tecendo,
no seu estilo inconfundível, uma belíssima e
emocionante página sobre o triste problema levantado
pela incompreensão humana, página que pode ser
devidamente apreciada no livro "A Psicografia ante os
Tribunais". Daí por diante, ele passou a assinar-se,
simplesmente, Irmão X, versão evangelizada do
Conselheiro XX, como era conhecido nos meios literários
quando encarnado.
A Autora, D. Catarina Vergolino de Campos, foi julgada carecedora
da ação proposta, por sentença de 23
de agosto de 1944, do Dr. João Frederico Mourão
Russell, juiz de Direito em exercício na 8ª Vara Cível
do antigo Distrito Federal.
Tendo ela recorrido dessa sentença, o Tribunal de Apelação
do antigo DF manteve-a por seus jurídicos fundamentos,
tendo sido relator o saudoso ministro Álvaro Moutinho
Ribeiro da Costa. E Chico continuou trabalhando incessantemente
para Jesus!
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